Nos últimos anos, a cirurgia de trombose tem sido motivo de muito debate na comunidade médica, sobretudo porque muitos profissionais questionam não a eficácia, mas a adequação do procedimento cirúrgico na grande maioria dos casos.
Há, inclusive, estudos que apontam que pacientes submetidos à cirurgia de trombose não obtiveram resultados superiores aos daqueles medicados com anticoagulantes.
Quando a cirurgia de trombose é indicada?
O que se tem concluído é que o tratamento da trombose pode ser feito em três escalas, conforme a gravidade da doença. Em casos superficiais, o tratamento deve ser feito por meio de anti-inflamatórios, analgésicos e compressas mornas. Em casos de trombose venal profunda, em que haja risco de embolia pulmonar, o tratamento indicado é a medicação com anticoagulantes.
Quando a cirurgia é necessária, realiza-se a trombólise e a implantação de filtro na veia cava. A indicação cirúrgica ocorre nos seguintes casos:
- tromboflebite da veia safena;
- dor intensa;
- paciente com contraindicações ao uso de anticoagulantes;
- pacientes jovens com tromboses muito extensas.
A trombólise consiste em um procedimento endovascular, em que o cirurgião faz uma punção na veia da perna. Por ela, é inserido um cateter, que libera substâncias que dissolvem os trombos enquanto os aspira.
Em alguns casos, através do cateter é introduzido um stent, espécie de rede que mantém a veia aberta, evitando-se a obstrução do fluxo sanguíneo.
A colocação do filtro na veia cava obstrui a passagem dos trombos sem interromper o fluxo sanguíneo. A comunidade médica tem sido levada a considerar o uso das intervenções cirúrgicas somente nesses casos, considerando sempre o custo-benefício para o paciente.
O que causa a trombose?
A trombose é um distúrbio do sistema cardiovascular, responsável por levar oxigênio e nutrientes ao corpo através do sangue. O sangue deve retornar ao coração e ao pulmão, para ser purificado e redirecionado ao resto do corpo, mantendo uma atividade intensa e ininterrupta.
Os trombos são coágulos que se formam na corrente sanguínea, principalmente nas veias das pernas e quadris. Tornam-se muito perigosos para pacientes que precisam ficar deitados por longos períodos em leitos hospitalares.
A embolia pulmonar é a maior responsável por morte no interior dos hospitais, devido a essa peculiaridade. É decorrente do deslocamento desse trombo nas veias, principalmente das coxas e dos quadris, para o pulmão, provocando a interrupção da circulação no interior desse órgão e consequente morte do paciente.
Há outras condições que contribuem para o aparecimento dos trombos, tais como:
- longas viagens;
- pernas imobilizadas por muito tempo;
- determinadas cirurgias;
- varizes não tratadas;
- tratamento de reposição hormonal;
- uso de anticoncepcionais;
- tabagismo.
É preciso ter atenção com o uso de determinados medicamentos, que só devem ser utilizados com a indicação médica. Portanto, não se automedique!
Concluindo, a cirurgia de trombose não representa maiores riscos para o paciente, mas a sua aplicação, na opinião da comunidade médica, deve ser restrita a casos em que tratamentos mais conservadores não sejam eficazes ou indicados.
Isso não quer dizer que outras doenças do sistema circulatório, inclusive as varizes – um dos fatores de risco para o aparecimento dos trombos -, não possam ou devam ser tratados com procedimentos cirúrgicos. Essas intervenções são extremamente eficazes e recomendadas para diversas condições do sistema endovascular, enquanto a eficácia da cirurgia de trombose ainda é analisada.
